11.janeiro
Por Letícia Cogo – Operações na 4Buzz
O papel social da fotografia está na sua capacidade de registrar as manifestações sociais. É através da composição desses resíduos coletivos que conseguimos identificar padrões e símbolos presentes em uma sociedade e, desse modo, interpretá-la.
Uma fotografia é tão expressiva em nossa atualidade que a reconhecemos como um fato. Entretanto, tal afirmação é perigosa, haja vista que não se pode deixar de considerar que uma imagem fotográfica é resultado de experimentações, percepções e repertório de quem a faz e com isso não se pode assumi-la como um testemunho da verdade absoluta.
A publicidade, contudo, é um canal de disseminação desses experimentos fotográficos, com ênfase para as plataformas digitais que potencializam a propagação com magnitude. Portanto, é uma importante ferramenta de desconstrução de padrões estéticos contemporâneos, tratados pela sociedade de consumo como universais e hegemônicos.
É nesse meandro que a publicidade contemporânea enfrenta um desafio. Como trazer representatividade às suas criações em um mundo globalizado, nitidamente multicultural e multifacetado, onde diversas perspectivas interagem continuamente?
Para a elaboração de suas peças as agências de publicidade, em sua maioria, contam com o auxílio de bancos de imagens estrangeiros, compostos por um arsenal de fotografias que representam estereótipos europeus, que são discriminatórios e não atendem à heterogeneidade dos corpos brasileiros. É chegada a hora dos bancos de imagens serem mais inclusivos.
Todas as pessoas têm capacidade de ler imagens e subjetivamente compreender os símbolos que as compõem. A escolha de uma fotografia para uma peça vai muito além da sua função estética: é uma questão de responsabilidade social para com as minorias que até então foram invisibilizadas, mas que estão ocupando espaços de fala através das redes sociais e que devem, sim, ser representadas!
Afinal, se uma fotografia contribui para a construção de uma narrativa comportamental e das relações sociais vigentes, as agências de publicidade devem assumir seus papéis de agentes de transformação. Então, vamos contribuir para um mundo que valorize as individualidades? Vamos permitir que a pluralidade nos conecte e possamos criar um buzz de empatia e respeito?