23.agosto
Rodrigo Vanzan é publicitário e CEO da 4Buzz
Em tempos de crise e, principalmente de mercados tão competitivos, muito se fala de resultado e performance.
Agências de publicidade tradicionais e principalmente digitais de pequeno, médio e grande porte já absorveram o uso frequente dessas palavras e as aplicam em todo e qualquer tipo de debate empresarial. Defendem com unhas e dentes, diante de seus clientes e do mercado, a importância de agir e reagir com performance e resultado.
Desta forma, o famoso ROI virou o “REI” e, como a história conta, o Rei é quem manda e para ele o que importa são os fins e não os meios, afinal, o momento que vivemos exige isso, certo? Errado! Em um cenário no qual a informação, como matéria-prima, está cada vez mais abundante, o primeiro erro que se comete é confundir performance com resultado.
Na arte, a performance seria atuar com perfeição transmitindo sentimentos e emoções e seus resultados seriam aplausos e bilheterias cheias.
Já no esporte, a performance seria a união da execução de movimentos e técnicas perfeitas com a força física e os resultados seriam medalhas e recordes.
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A melhor representação de performance, no entanto, quando nos referimos a empresas e negócios é a de máquinas e motores, em que a performance representa, através do funcionamento de cada um de seus componentes em conjunto, a capacidade de alcançar o resultado ou objetivo desejado da forma mais eficiente e menos desgastante possível.
Embora existam no mercado publicitário muitos conceitos, teorias e técnicas circulando, a sensação que se tem é a de que as agências e seus clientes estão atribuindo valor às estratégias digitais através da procura por representações mirabolantes para uma questão extremamente básica, como se para alcançar resultados grandiosos ou desafiadores fosse necessário reinventar a roda ou criar soluções supercomplexas.
Performance é muito mais simples do que isso, é uma prática diária, uma metodologia que prevê a realização minuciosa de atividades estratégicas definidas a partir de informação e gerando muito mais informação.
Nesse sentido, as estratégias digitais têm se destacado através dos 3 V’s do Big Data: Volume, Variedade e Velocidade.
No entanto, performance não se resume à execução perfeita das atividades – o nome disso é processo. Performance é a forma como se enxerga a atividade, os impactos dela no ambiente no qual ela foi aplicada e principalmente de que forma esses impactos realimentarão a estratégia.
Ela precisa estar inserida na filosofia de trabalho, não é uma simples receita a ser executada. É como no futebol: um zagueiro, por melhor que ele seja, jamais irá olhar a bola da mesma forma que um atacante.
A visão por trás daquele objeto é completamente distinta. Um zagueiro possui fundamentos bem definidos, cada ação gera uma reação intimamente ligada ao objetivo maior.
No mesmo campo, o atacante simplesmente joga, faz a parte dele, não foi ensinado nem programado, ele apenas reage aos estímulos considerando cada jogada como um evento isolado e, a partir do histórico acumulado por ele, tomará sua decisão sobre como agir.
Respeitando as devidas posições, somente o zagueiro pode garantir o empate, mas também somente o atacante pode conquistar a vitória. Isso não quer dizer que uma empresa que não possui a abordagem de performance não possa assumir essa posição. Quer dizer apenas que ela deve deixar de olhar o jogo como zagueiro e passar a olhar como atacante, mudando assim sua postura e posição no campo.
Portanto, performance apesar de sua simplicidade, vai muito além da obtenção de resultados objetivamente. Está profundamente ligada à forma de ver e conduzir os processos e atividades.
Sendo assim, performance não torna o resultado menos importante. Ela o torna mais fácil. Por outro lado, não adianta que as agências carreguem esse conceito apenas como argumento de venda ou mantenham toda metodologia de performance só com ela. É fundamental que essa metodologia seja compreendida e aceita pelos seus clientes de forma profunda, para que seja realizada com sucesso.
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